
Quem cuida do cuidador?
Na sequência do post Não consigo ligar com a doença do meu marido partilho, recebi um comentário da leitora Sara Guelha, psicóloga Clinica, acerca do papel do cuidador.
“Muitas vezes a nossa atenção centra-se nos doentes e esquecemos quem cuida e está sempre a seu lado. Entre dúvidas acerca da melhor maneira de cuidar oiço com frequência desabafos ou queixas de um cansaço extremo físico e emocional. O que posso fazer nunca é suficiente mas por vezes basta o ouvido atento ou um abraço para ajudar a secar lágrimas e a levantar, ainda que temporariamente, o peso destes corações exaustos:
“Cuidar de um familiar é, regra geral, uma experiência duradoura, que vai exigir mudanças significativas na vida e uma readaptação a novas rotinas e exigências.
No que respeita à atividade de cuidar, identificam-se como cuidados mais importantes e necessários: o acompanhamento a consultas, o carinho ou afeto, a satisfação das necessidades, o conforto e vigilância, a gestão financeira e comunicação, a gestão da medicação e apoio no vestuário. O ato de cuidar tem impactos positivos para o cuidador, como o aumento do significado da própria vida, o sentimento de gratificação e auto realização, de cumprir com o dever moral, de bem-estar pessoal e o próprio crescimento enquanto pessoa, para além do sentimento de união familiar.
No entanto, a função de cuidar constitui uma fonte de stresse, comportando riscos para o próprio cuidador, nomeadamente a sobrecarga de tarefas e o aumento da responsabilidade, a prestação de cuidados diretos, contínuos, intensos de vigilância e tratamento e a exigência de disponibilidade emocional; a preocupação e tensão constante, a ansiedade, a sobrecarga de encargos financeiros, ser confrontado com decisões difíceis e imprevisíveis e fadiga crónica).
Desta forma, o cuidador deve procurar manter a rotina familiar, tentar manter uma relação assertiva e uma comunicação positiva, ativa e espontânea com o dependente e restantes elementos da família, assim como partilhar responsabilidades e tarefas, centrar-se nos aspectos positivos do cuidar, partilhar angústias e experiências com outros cuidadores informais.
O cuidador não deve deixar de lado as atividades que lhe permitem recuperar do cansaço e das tensões do quotidiano. Embora o cuidado de uma pessoa exija toda a atenção e um esforço emocional acrescido, o cuidador deve dormir as horas necessárias, fazer exercício com regularidade, evitar o isolamento social e manter passatempos e interesses. Paralelamente a todas estas estratégias, o cuidador deve procurar ajudar profissional, recorrer a instituições/associações, não só para ajudar o doente nos cuidados de higiene, alimentação e saúde bem como um psicólogo para orientar o cuidador a encontrar as ferramentas necessárias ao seu bem-estar e equilíbrio emocional”
Obrigada Sara pela partilha!
Sara says:
Obrigada eu pelo convite, Luísa. Um abraço