CORONAVÍRUS…DES-COROANDO A COMUNICAÇÃO

“Boa tarde, têm máscaras?”

Acho que já ouvi esta frase mais vezes nos últimos 20 dias do que no total da minha experiência farmacêutica até aí.

Vivemos numa época muito estranha: o mundo não encolheu, mas a comunicação social parece que aproximou realidade e possibilidade a um nível tal que se torna difícil de distinguir uma da outra.

Primeiro que tudo: este texto não pretende esclarecer nada de importante sobre a epidemia associada ao vírus COVID-19 que anda tão saltitão por esse mundo fora. Para isso, a Organização Mundial de Saúde  está a fazer um excelente trabalho, a associar-se às pessoas certas, produzindo relatórios quase diários sobre a disseminação, novas descobertas e afins.

Aquilo de que eu gostaria de falar está relacionado com o pânico que está lançado e quase generalizado. Sim, é altamente contagioso, como também os piolhos o são. Não, não há cura específica, como também não há para a constipação. Sim, é possível que seja mais letal que a gripe, mas está ainda a milhas de algo como o ébola, ou até a anorexia nervosa ou o cancro (para usar exemplos mais diferentes).

Creio que estamos habituados a esperar que os sistemas falhem. Assim que qualquer coisa corre mal, ou sai fora do previsto, começamos a imaginar os piores cenários. Não sei se culpe os filmes de zombies ou de catástrofes apocalípticas, ou se a culpa pertence à comunicação social e a sua visão alarmista:

– “Atenção, isto podia acontecer-lhe a si!” – é sem dúvida uma maneira muito eficaz de transmitir a informação: ficamos de imediato agarrados ao que está a ser dito, imaginando cenários em que a pessoa a tossir atrás de nós, no dia anterior abriu uma encomenda vinda de um armazém na américa, armazém esse em que trabalha um indivíduo que por acaso tem um vizinho que tinha viajado….. vocês percebem onde quero chegar.

Mas atenção: não quero atacar a comunicação social. Essa está a fazer exactamente o que lhe compete!

Há um estado de emergência declarado a nível mundial, e é importante que estejamos a ser informados sobre o assunto. E mesmo que certas abordagens não sejam as mais “correctas” para o assunto, de uma maneira geral, não nos podemos queixar de estarmos a ser pouco informados.

Pensemos que o contrário do “isto podia acontecer-lhe a si!” é o “isto é tão distante que nem tem de se preocupar!” – e essa forma parece-me bastante mais problemática do que aquela a que temos assistido.

Aquilo que temos de repensar é a nossa relação perante as notícias.

Vou citar o chefe da ONU para o comentário final: “É tempo para factos, não para medo”. Por todo o mundo está gente altamente competente a investigar o vírus e as suas curas. Dêem-lhes tempo e lembrem-se que permanecer alerta está uns quantos níveis abaixo de permanecer ansioso.

O site da WHO e da Direcção geral de saúde (DGS) disponibilizam todas as actualizações sobre o COVID-19 .

Em caso de suspeita,  contactar o SNS 24 (808242424)

Em caso de dúvida não hesite em contactar a sua farmacêutica.

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