SUPERFOODS E OUTROS AVENGERS DA PSEUDO-SAÚDE
Antes de mais, aceitem como “disclaimer” que não sou nenhum entendido no assunto, e que o texto que se segue pretende exprimir apenas a minha opinião pessoal.
Imagine-se o cenário: num futuro próximo, uma Organização secreta mal-intencionada toma como missão controlar e/ou exterminar uma porção da população dos países desenvolvidos. Para isso recorre a uma panóplia de tecnologias avançadas, químicos experimentais e redes de distribuição comercial, aliadas a uma forte campanha de propaganda e marketing destinada a manter a população dócil e extremamente agradecida pela segurança e pelos benefícios que a Organização lhes traz.
Quem teria a coragem para fazer frente a tal Organização? Talvez um grupo de Iluminados, renegados pela sociedade, cuja missão seria devolver à população aquilo que lhes foi roubado: a liberdade de escolha, e a Saúde longe das tecnologias e químicos lavadores-de-cérebros.
Venham os Avengers da pseudo-Saúde! Venham os Superfoods que combatem os anti-nutrientes, venham as vitaminas que fortalecem as nossas defesas, imunizando-nos contra os males do mundo moderno controlado pela Organização!
… Parece estranho, certo? Mas é simples e de fácil aceitação: uma história do bem contra o mal!
Cria-se um medo, fornece-se um demónio a quem não o tinha. E depois oferece-se uma solução – um exorcismo a um preço justo.
Não me entendam mal: há muito lixo à nossa volta. Há muito hábito que tem de ser mudado, e outro tanto que é aconselhado mudar. Mas por favor, olhem à vossa volta. Não só no ângulo de 90° à vossa frente, mas mesmo a volta completa de 360°: vive-se bem aqui. Vive-se muito!
Claro que há gente que morre todos os dias, e claro que algumas das causas estarão associadas a questões de estilo de vida, mas um estilo de vida saudável não é a mesma coisa que o martelo Mjölnir, que decide quem é “digno” de o empunhar com base no número de . Um estilo de vida saudável funciona mais como as armaduras do Tony Stark: somos nós mesmos que o construímos e reparamos à medida das nossas necessidades. Não há nenhuma solução fácil, nada que aumente a nossa saúde para níveis “god-like”, porque a saúde em si é um estado de equilíbrio dinâmico, que merece a nossa atenção e prevenção, mas não obsessão.
Não sei se fui bem claro naquilo que queria transmitir. No fundo eu não estou a dizer que as várias soluções oferecidas (e que mudam de mês a mês, de acordo com a moda) de exercícios, dietas, superfoods e suplementos são intrinsecamente más.
Só quero tirar-lhes o estatuto de “heroínas” dos tempos modernos, destinadas a combater os males da sociedade actual. São só mais um produto no mercado, e devem ser encaradas como tal: consumidas por gosto ou real necessidade, não apenas por ilusão desta última.
Tanta preocupação investida em cada moda, tanta actualização constante sobre os novos aliados e inimigos na luta contra… Contra o quê, mesmo? Estamos com medo do quê? És saudável? Tens uma alimentação equilibrada e variada e praticas exercício com regularidade? Isso é tudo o que é necessário e pode não ser fácil, mas é simples.
Texto escrito pelo João.