PROJECTO MÃOS LIMPAS: O LABORATÓRIO DA ASAE VAI À ESCOLA
Numa fria manhã de Novembro, duas misteriosas figuras entraram na escola. Nunca antes tinham lá sido vistas, mas deslocaram-se decididamente na direcção da escola EB1 Sá de Miranda onde estavam reunidos os alunos do 3º e 4º ano. Três palavras identificaram-nas e espalharam o terror simultaneamente: “Somos da ASAE.”
A calma foi restaurada quando o seu propósito foi também identificado: projecto Mãos Limpas.
Mais importante do que temer a ASAE, é perceber porque é que ela existe, e de que forma é que contribui para a segurança alimentar de todos nós. Por isso mesmo, as duas misteriosas figuras trataram de se auto-desmistificar mostrando aquilo que nós achávamos ser o covil das doutoras, e afinal se revelou um laboratório de microbiologia.
Ao revelar o seu principal instrumento de trabalho, o microscópio, as doutoras Isabel e Rita explicaram a sua necessidade: os microorganismos que nos causam doenças são… bem, são micro! E apesar de por vezes se juntarem em grandes famílias (chamadas colónias), normalmente são invisíveis a olho nu.
Daqui deduz-se logicamente que é importante lavar as mãos várias vezes ao longo do dia, mesmo que elas nos pareçam limpas. “Mas lavar com o quê?” perguntam vocês, que por algum motivo se esqueceram de como se lavam as mãos. “Com água? Com sabão? Com os dois?!?” Tal como quando lavam o cabelo precisam de champô suficiente para lavar como deve ser, também para lavar as mãos convém usar sabão suficiente e depois de bem esfregar, passar com água.
A introdução estava feita, os medos totalmente afugentados, e estava na hora de passar à prática. Mas como?
Os meus colegas e eu debatemos a questão: que mais havia a dizer sobre o assunto? Se os microorganismos que causam doenças são invisíveis, e podem estar em todo o lado, então o que temos de fazer é lavar as mãos com sabão, certo? O que é que havia a esclarecer?
“Mas… Será que a lavagem das mãos realmente elimina os microorganismos?” – a pergunta surgiu como uma avalanche que me abalou até aos ossos. Será possível?! Mas, claro.. como não se vêem, quer eles estejam ou não nas minhas mãos, eu não os conseguiria ver para confirmar!
“Vamos fazer uma experiência.” – sugere a doutora que de seguida iniciou uma longa explicação. Aqui fica o meu resumo:
É possível, com os materiais e ingredientes adequados, fazer crescer os microorganismos de tal modo que formam as colónias que conseguimos ver.
Para esse efeito, as doutoras colocaram dois tipos de placas de Petri à nossa disposição: umas cheias com gelatina cor-de-rosa, outras com gelatina mais incolor.
Esta “gelatina” que lá estava colocada, explicaram elas, tinha sido feita com os ingredientes necessários para crescer bactérias (transparente), e fungos e leveduras (rosa).
Na placa cor-de-rosa, foi incluído também um antibiótico. “Porquê?” Um pouco a medo, ouvi a voz de uma colega minha a responder: “Porque os antibióticos matam bactérias.”. Precisamente! E assim evitamos contaminar a nossa placa de fungos com colónias de bactérias intrometidas.
Para além dos ingredientes certos, para que as nossas colónias de microorganismos cresçam, precisamos de as colocar a uma temperatura agradável. Para as bactérias, iremos colocar as placas numa estufa a 30ºC durante 3 dias. Para os fungos, são 25ºC durante 5 dias. Depois de cada período respectivo, as placas são colocadas no frigorífico, que conserva o que já cresceu, mas não deixa crescer mais.
“Mas como podemos nós testar a eficácia da lavagem das mãos, sabendo apenas isto?”
Dividimo-nos em três grupos:
-um de controlo, que simplesmente colocou as mãos nas placas de Petri tal como estavam naquele momento.
–Outro grupo foi lavar as mãos primeiro, e depois de as desinfectar, tocou nas placas.
-Um terceiro grupo foi usado para testar a quantidade de microorganismos que está em algumas daquelas coisas em que muita gente toca regularmente: o teclado do computador e o corrimão. A terra e a sola do sapato foram também alvo do nosso ensaio, para esta análise em nome da Ciência!
Escusado será dizer que todas as placas estavam esterilizadas antes de terem sido tocadas por nós: o que garantia que tudo o que lá crescesse teria vindo da nossa experiência.
Uma vez que não podemos apressar os resultados experimentais, isto foi tudo o que fizemos nesse dia. A Isabel e a Rita prometeram voltar na semana seguinte, e trazer com elas os resultados.