Como organizar os seus medicamentos
A esperança média de vida está a aumentar, e de mão dada com ela também as doenças crónicas.
E como diz o provérbio popular: “não há uma sem duas, nem duas sem três”.
A maioria das doenças trata-se com aquilo que será ainda mais um problema a resolver: a toma regular dos medicamentos, que é onde começam os esquecimentos e os “esquecimentos”, as tomas duplicadas e as falhas de horários.
O caso da Dona Adelaide, que podia ser o da a Dona Maria ou o do Senhor Manuel. Que podia ser também o dos nossos pais, avós, tios ou tias, bisavós, etc. Ou pode até mesmo ser o meu, daqui a uma (boa) dúzia de anos.
A dona Adelaide com oitenta e cinco anos acabados de fazer, toma todos os dias:
- Ao pequeno almoço: um comprimido para a hipertensão
- Ao almoço: um comprimido para os “seus diabetes”
- Ao jantar: um comprimido para o colesterol e ainda mais um comprimido para a diabetes
- Ao deitar: um comprimido “para dormir”
Diariamente tem quatro caixas de medicamentos diferentes para tomar, o que pode ser confuso e originar enganos.
Na farmácia, é frequente os utentes colocarem a receita médica no balcão e pedirem “o da caixa vermelha com os comprimidos redondos”, “aqueles da cápsula verde”, ou ”os da caixa branca com letras azuis”…
Nem sempre é uma tarefa fácil, mas.. depois de quase desmontarmos as gavetas dos medicamentos de A a Z , passarmos uma revisão mental por todas as cores, formas e formatos, conseguimos conciliar os medicamentos que o doente toma habitualmente com aqueles que lhe foram prescritos naquela receita. Depois de uma explicação ao doente de como deve tomar a medicação colocamos nas caixas a etiqueta com as indicações relativas à toma. Assim em casa, na hora de tomar os medicamentos, não confundem as caixas ou trocam os comprimidos.
Por vezes não é suficiente colocar apenas as etiquetas, como no caso da Dona Adelaide.
Há duas semanas atrás, entrou na farmácia muito aflita, porque não se lembrava se tinha tomado o seu comprimido para o colesterol na noite anterior:
“Doutora já não é a primeira, nem a segunda vez que isto se sucede !há mais de vinte anos que tomo estes medicamentos, mas a memória já não é o que era”.
Depois de conversarmos sobre qual seria a forma mais prática de a Dona Adelaide organizar a sua medicação, chegámos à conclusão que a solução passava por uma caixa semanal de comprimidos.
Esta caixa semanal contém sete caixas individuais, cada uma com o respectivo dia da semana: segunda, terça, quarta, … por sua vez,cada caixinha individual está dividida em quatro momentos do dia: pequeno almoço, almoço, jantar e noite.
Numa fase inicial, ajudámos a Dona Adelaide na preparação semanal da caixa para a semana , mas com o passar do tempo e a prática, aprendeu a organizá-la sozinha.
A partir desse dia tudo se simplificou, se tiver dúvidas basta olhar para a caixa para confirmar se tomou os os medicamentos.
Esta é uma preciosa ajuda para quem toma vários medicamentos ou para os mais esquecidos.
Mas atenção! O caso da Dona Adelaide é um de entre muitos possíveis. Há pessoas que não se adaptarão bem a este esquema, e que preferem usar as caixas inteiras, ou outra qualquer forma de organização – só o diálogo e a experimentação podem dar as melhores respostas para cada um!
PS. Alguns comprimidos e cápsulas perdem qualidades quando são removidos do seu blister (aquela bolha de plástico coberta de papel de alumínio). Por isso é sempre melhor que a caixa diária ou semanal inclua o blister inteiro (recortado da “palheta” por exemplo). Se não couber, então pergunte ao seu farmacêutico se pode retirá-lo ou não.
Em caso de dúvida consulte a sua farmacêutica:)
Texto escrito pela Filipa.