
O KIT DE UMA TRADUTORA
Chamo-me Cecília Santos João e trabalho como tradutora e formadora de Português e Inglês como línguas estrangeiras há mais de 25 anos.
Traduzir algo é sempre um exercício intenso, não só de amor pelas línguas de partida e de chegada, mas também de respeito absoluto pelo(s) autor(es).
Ser tradutora profissional é exercer a arte de usar capacidades linguísticas para transmitir com rigor o mesmo significado numa língua e cultura diferentes, assim como ter um método de trabalho bem desenvolvido. Traduzir é a arte de recriar conteúdos através de uma arquitectura de palavras que constrói pontes e liga as pessoas.
Comandar ambas as línguas implica recriar expressões idiomáticas e estruturas gramaticais que sejam compreendidas por pessoas do outro lado do mundo, ultrapassando o obstáculo linguístico e cultural.
Em termos práticos, as únicas ferramentas necessárias no Kit da Tradutora é um bom computador, uma boa ligação de internet e umas gotas de lubrificante ocular, uma vez que a liberdade é um dos aspectos positivos desta actividade. No entanto, o mais importante neste Kit são as capacidades de natureza emocional. Total respeito pelas datas de entrega, ser disciplinada, ler e escrever muito, trabalhar intensamente mesmo aos fim de semana, comparar e selecionar opções, ser paciente, ser crítica, sentir fascínio pelo conhecimento e pela pesquisa, e ter uma curiosidade saudável sobre tudo, são características absolutamente essenciais.
É também da maior importância ter um profundo amor por aprender, estar actualizada, ser rigorosa com as regras de gramática e gostar de trabalhar sozinha e em auto-gestão.
Os tradutores são mediadores por natureza, a satisfação que obtêm do seu trabalho deriva da remoção de barreiras à comunicação, criando pontes com cada novo trabalho, cada prazo cumprido, cada resultado tangível, e cada contribuição para o sucesso de alguém.
Como disse a genial Dorothy Parker: “A curiosidade é a cura para o tédio. Não há cura para a curiosidade.”
Cecília Santos João.