
O KIT DE UMA PROFESSORA
O meu nome é Isabel Pinto de Oliveira, tenho 57 anos e sou professora de História e Geografia de Portugal e Português há muuuuito tempo. Por isso o meu kit é assim mais mala de rodinhas que caixa de primeiros socorros.
Mala das grandes, onde cabem livros, estojo e a minha agenda personalizada (todos os anos faço uma, coberta de fotos do verão anterior, daquelas pejadas de luz e felicidades várias). Isto o básico. Que não chega…
Kit de professora que se preze tem que ter muitas bolsinhas. Uma cheia de paciência, outra com uma mão cheia de ralhetes, que também é preciso. Uma cheia de sorrisos e abraços (no 5º ano vêm cheios de mimo, no 6º já são “muito crescidos”). Uma outra de máscaras – quão difícil é ter entusiasmo pelos mesmos conteúdos em três décadas?
Nos anos de direção de turma (quase todos) vem no kit dose extra de ouvidos para histórias tristes, coração para miúdos perdidos, olhos para legislação que muda, muda, muda… e dedos para o telefone, relatórios para comissões várias, atas…
Em todos, vem também um Spray para a garganta à base de óleos naturais, que esta garganta é frágil e precisa de proteção, um analgésico para a malvada da enxaqueca que de vez em quando vem de visita. E a garrafa de água, das reutilizáveis, que aqui já se aboliu o plástico descartável há que tempos, ou o termo do chá, sempre com muito gengibre e canela e boiantes coisinhas boas.
Nos últimos dois anos letivos, e como já não chegasse esta mala cheia, uma ou duas vezes por semana o kit cheira a frescos ou à despensa. Criei um projeto de educação alimentar chamado À Mesa. Agora, já com um pequeno espaço lindo para operar, é sempre preciso carregar umas coisinhas, alimentos ou acessórios, para a realização do dia.
O kit professora é um mundo, pois. Que abrir mundos é tão-só o que importa.
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