miligramas de muito mimo

Rosa põe a mala em cima do balcão e deixa fugir um suspiro atropelado por um “finalmente em casa!”

O Miguel nasceu às 31 semanas e ficou internado na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais “para ganhar músculos” dizia o pai em tom de brincadeira. A Rosa passava os dias no hospital ao lado do filho à espera que o Miguel ganhasse “super poderes” para  levá-lo para casa. Tínhamos notícias do bebé quando o pai a caminho de casa parava  na farmácia.

Passaram sete anos e o Miguel foi internado meia dúzia de dias na cirurgia pediátrica para segundo o pai “resolver coisas próprias da idade”.

Suspirou para tomar fôlego.

internamento

Perguntei pelo menino e respondeu-me  como se tivesse urgência em deitar para fora as palavras presas na garganta:

“Luísa, quando vi o Miguel a dormir no recobro, não sei se senti aperto no coração ou falta dele”.

Internamento

Depois de engolir a emoção continua:

“Foi como viver outra vez os primeiros dias de vida do Miguel”.

Apertei-lhe a mão ao de leve e segurei na receita.

“Rosa já passou, agora precisam de uma boa dose de paciência, mimo e seguir os cuidados recomendados no hospital.”

Na receita além do paracetamol o médico também receitou um antibiótico.

Fui buscar os medicamentos, coloquei as caixas no balcão e comecei por falar sobre o antibiótico:

“O Miguel vai tomar este medicamento para tratar a infecção causada por bactérias, deve tomar a dose indicada respeitando o horário das tomas”.

“Luísa quando o meu filho sentir-se melhor pode parar de tomar?”

“Rosa deve fazer o tratamento durante todo o período indicado pelo médico, não deixe de dar o antibiótico ao Miguel pois corre o risco de a infecção se agravar e reduzir a eficácia do medicamento”.

O que faço se sobrar antibiótico?

Não o guarde para outra ocasião porque cada caso é um caso, venha entregá-lo na farmácia.

E também não deve partilhar antibióticos com outras pessoas pela mesma razão, à vizinha só se deve pedir e dar um raminho de salsa!

Lembre-se sempre que só  devemos tomar antibióticos quando receitados pelo médico.

Enquanto colava as etiquetas com a dose e o horário das tomas nas caixas de cada medicamento, a Rosa continuou a conversar:

“Por vezes oiço falar nas notícias das bactérias resistentes, isso tem a ver com os antibióticos?”

Acenei afirmativamente com a cabeça e expliquei  que o uso incorrecto dos antibióticos é uma das causas do aparecimento de bactérias resistentes,porque quando não são necessários faz com que as bactérias desenvolvam mecanismos que neutralizam o efeito do medicamento. Com o tempo as infecções ficam mais difíceis de tratar ou mesmo sem tratamento eficaz.

Não devemos pressionar o médico para receitar antibióticos e o farmacêutico para dispensá-los sem receita médica.

Assim, entre palavras e uns “miligramas de mimo” a Rosa foi para casa mais leve.

Em caso de dúvida consulte a sua farmacêutica 🙂

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