Mãe há vinte e quatro …
Sou mãe há vinte e quatro… anos.
Podia ser há vinte e quatro minutos, vinte e quatro horas, vinte e quatro dias ou até vinte e quatro meses.
É como quando começamos a andar. Depois de ultrapassar a fase inicial mais desafiante de nos pormos em pé sem perder o equilíbrio, a partir do momento em que damos o primeiro passo para a frente já nada nos pára. Cair e levantar fazem parte da aprendizagem. Ao fim de algum tempo, já arriscamos uma pequena corrida e até já ousamos trepar um sofá.
Quando o Du nasceu eu não passava de uma miúda, e apesar de os anos terem passado, confesso que a aprendizagem é contínua e preenchida de todas as dúvidas que são intrínsecas a ser mãe ou pai. Muitas vezes sou assaltada por um: “E agora?”
E toda a experiência destes desafios tem sido uma ajuda preciosa com a minha escadinha (Quico, Tete e Mada).
Se permiti que me dessem todos os conselhos quando o Du nasceu, quando comecei o segundo, terceiro e quarto round, já estava preparada e afixei num local visível o seguinte aviso: “proibido dar conselhos”. Segui aquela regra do entra a cem e sai a mil e quinhentos.
Se por desconhecimento e insegurança não consegui amamentar o meu primeiro bebé, nos seguintes procurei activamente apenas os conselhos com que eu me identificava, aprendi a confiar nos meus instintos e sobretudo nos superpoderes do meu leite. Outra regra preciosa que aprendi e tenho quase sempre presente: a educação dos filhos depende da sanidade mental da mãe. Por isso não vale a pena tratar da primeira sem cuidar da segunda.
Os primeiros anos de escola do meu filho Du, foram também a minha estreia na escolaridade.
Ensinaram-me que todos nascemos e crescemos diferentes, com talentos diferentes, e que o valor está mesmo na diversidade. No entanto, há alguns anos atrás eram ainda poucas as pessoas a pensar assim. Quando percebi que há mentalidades que não se conseguem mudar, respirei fundo, enchi-me de força, e dei o primeiro passo: procurei quem partilhasse a mesma visão e me conseguisse ajudar a delinear um plano de sucesso. Podia ter passado o tempo a culpar o sistema de ensino, o ministro e os professores, podia, mas escolhi procurar a melhor ajuda e o apoio necessário para cada etapa a ultrapassar. Há algumas coisas que se resolvem sozinhas, mas outras precisam de uma ajuda aqui e ali – em termos químicos, precisam de um catalisador.
Conclusão? Assim como não começamos todos a andar ao mesmo tempo cada um tem o seu ritmo de aprendizagem – so what?
Agora pergunto: A nossa mentalidade mudou desde essa altura? Acho que frases como: “é o mais atrasado ou atrasada da aula” ou “não vai aprender a ler como os outros”, já não se devem ouvir (tanto!) da boca de um professor ou educador. Lida-se melhor com as diferenças, a inclusão também está na moda, mas sei também que ainda há muito a fazer. Aparentemente, todas as diferenças são apenas superficiais.
Eu só espero que as pessoas continuem a perguntar se somos irmãos, porque ser mãe e ter ar de miúda é brutal 🙂
Fotografias da Rita Ferro Alvim quando a Mada começou a dar os primeiros passos *