INÍCIO DA VACINAÇÃO CONTRA A GRIPE NA FARMÁCIA
Hoje logo pela manhã, depois do galo cantar, a dona Rosa e o seu marido, o senhor André chegaram à farmácia para serem os primeiros a vacinarem-se contra a gripe.
A senhora já tinha telefonado no sábado para saber quando chegariam as vacinas à farmácia e pediu para ser vacinada por nós, tal como no ano anterior.
Ao tirar as receitas da mala a dona Rosa começa por pedir:
-Doutora eu e o meu marido queremos ser vacinados agora.
Sabe, é que antes de ir para casa ainda temos de ir à praça buscar umas coisitas para o almoço, não quero andar a passear as vacinas na mala, tenho medo que se estraguem pelo caminho.
Enquanto se dirigiam para o gabinete confirmei que isso era boa ideia porque a vacina deve ser administrada assim que possível e, no caso de isso não ser possível, deve ser guardada dentro da embalagem, no frigorífico e de preferência nas prateleiras do meio e não na porta (para diminuir as flutuações de temperatura e também a probabilidade de congelar, já que qualquer uma destas coisas também pode estragar a vacina).
O Senhor André enquanto arregaça a manga da camisa pergunta-me com um ar preocupado:
-Há sempre um dos meus compadres que todos os anos diz o mesmo: A doutora vai dar-me a vacina e vou ficar com gripe?
Sosseguei-o explicando-lhe que a vacina contra a gripe não contém vírus vivos, pelo que não pode provocar a doença.
No entanto, as pessoas vacinadas podem contrair outras doenças respiratórias virais que ocorrem durante a época de gripe e para as quais não há vacina (por exemplo, constipações).
Depois do Senhor André foi a vez da dona Rosa sentar-se na cadeira do gabinete para se vacinar e entre as conversas sobre receitas,artistas de novelas, filhos e netos houve espaço para esclarecer algumas dúvidas relacionadas com a vacinação contra a gripe:
–Porque é que todos os anos temos de tomar a vacina?
O Ideal seria levar uma vez na vida e ficar protegida para sempre da gripe.
Enquanto preparava a vacina para ser administrada, expliquei-lhe que o vírus muda constantemente, vão surgindo novos tipos de vírus para os quais as pessoas não têm imunidade e a vacina anterior não confere protecção adequada. Por isso a vacina é diferente em cada ano.
-A vacinação reduz muito o risco de contrair a infecção, e mesmo se a dona Rosa for infectada, terá um menor risco de ter complicações.
-Ah! Já percebi que é como o meu casamento: é para a vida, mas um ano de cada vez…
-É mais ou menos isso dona Rosa.
Todas as pessoas devem vacinar-se contra a gripe?
Enquanto pressionava o algodão contra a pele, diz-me ainda a título de curiosidade:
-Sabe doutora, a minha prima Isaura (a única dos primos que ficou a viver na minha terra), além de não poder comer ovos desde miúda também não pode ser vacinada contra a gripe. A Coitada, passa metade do Inverno de molho!
É por isso que as pessoas com alergia grave ao ovo ou que tenham tido uma reacção alérgica grave quando vacinadas anteriormente não devem ser vacinadas contra a gripe.
Então…quem deve vacinar-se?
Crianças (a partir dos 6 meses de idade), adultos e idosos, todos se podem vacinar.
Mas sobretudo as pessoas que têm maior risco de sofrer complicações depois da gripe como:
-Pessoas com 65 ou mais anos de idade (sendo também aconselhada a partir dos 60 anos) principalmente se residirem em instituições;
– Pessoas com mais de 6 meses e com doenças crónicas (Ex: que afectem os pulmões, o coração, os rins ou fígado; diabetes ou outras doenças que diminuam a resistência às infecções)
-Grávidas
-Profissionais de saúde e prestadores de cuidados.
No final enquanto colocava o penso rápido relembrei que além da vacina contra a gripe há pequenos gestos diários que evitam a transmissão da gripe;
-Reduzir, na medida do razoável, o contacto com outras pessoas infectadas;
-Lavar frequentemente as mãos com água e sabão, e caso não seja possível, utilizar toalhetes;
-Usar lenços de papel de utilização única (deite nos sanitários ou no lixo comum);
-Ao espirrar ou tossir proteger a boca com um lenço de papel ou com o antebraço; não utilizar as mãos.
Se tiver dúvidas pergunte ao seu farmacêutico de família 😉
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