O FINAL E O INÍCIO DO ANO NA FARMÁCIA

Dezembro

Na farmácia no final do ano não se fazem listas de desejos, não se desenham metas, objectivos etc… apenas se fazem, como na maioria das empresas, os procedimentos burocráticos de final do ano.

Não há tempo para explorar a potencialidade criativa do nosso grupo e a meteorologia empresarial por estes lados não permite uma tempestade de ideias…

E porque não nos podemos esquecer que a prioridade número UM são as pessoas que entram diariamente na farmácia -o atendimento ao balcão – tudo o que é burocrático  vai passando para segundo plano e as novas ideias se surgirem ficam-se pelos tópicos, nem sequer fazendo parte do cenário. Nesta altura praticamos o brainstorming quotidiano, ou seja, aquelas ideias e soluções para o imediato.

Janeiro

Entrámos no novo ano, e agora? O que andamos a fazer?

A prioridade número um mantém-se, obviamente.

Por outro lado, as burocracias de final de ano acabaram mas surgem as outras burocracias: as dos planos anuais.

Porque a farmácia é uma pequena empresa, não nos podemos esquecer que tem de ser viável económico-financeiramente. Isto para poder abrir as portas todos os dias e continuar a prestar o seu serviço comunitário, mantendo os medicamentos necessários em stock.

Assim, este mês a outra prioridade são os negócios. Sim, e sei que a palavra é feia, mas é necessária e temos de a empregar regularmente para falar com os parceiros, para fazer os planos para o fornecimento de medicamentos e produtos de saúde ao longo do ano. Tudo isto manobrando aquela fina linha entre o necessário para os nossos utentes e aquilo que nos permite não perder dinheiro: estudando as rentabilidades, as melhores condições de compra, e escolhendo os portfolios mais sensatos para a nossa situação socioeconómica.

Gostaria de tratar toda a gente de graça. Gostava de não ter de tratar de dinheiro quando trato da saúde dos meus utentes. No entanto, sei perfeitamente que não o posso fazer porque se assim fosse não teria forma de cuidar de mim, e consequentemente, da farmácia e das pessoas que dela precisam. É um paradoxo financeiro.

No final de contas, ainda acredito que a mudança no paradigma das farmácias nas últimas décadas possa ainda vir a ser uma boa coisa. Apesar de todas as dificuldades que nos trouxe, também trouxe um novo estado de consciência acerca de prioridades, que nos permitirá dar valor às coisas que realmente têm valor para nós.

Tenho de acreditar nisto. É por isso que continuo a insistir, e é por isso que aturo horas a fio de reuniões, gráficos e conversas de negócios: pelos meus utentes.

Só tenho pena que com todas estas prioridades, aquelas pequenas tempestades de ideias criativas se tornem apenas chuviscos que vão e vêm como aguaceiros dos quais nem se dá conta.

Fotografia Rita Ferro Alvim

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